domingo, 14 de setembro de 2008

Sombra

Blecaute.

Rastros de luz se negam a iluminar meus olhos. Desviam, refletem e refratam. Se difundem e enxergo nada. Se dissolvem e tenho tudo. Se fundem e me vejo. Se rasgam e não sou.

Não há nada. Fecho os solhos e vejo o mais denso breu. Um breu insosso, ingrato. E não há nada. Minha mente está submersa, afogada na sombra de algo que talvez tenha existido um dia. Não há como saber. Só sei que nem existo.

Tento lembrar. O breu é denso, negro, oleoso, cobre os olhos e se espalha, grudando, quando tento limpá-los. Suja minhas memórias que, sozinhas, não existem. Não sei porque tento encontrá-las ou porque as tenho. Só sei que não.

Mas o que há de se haver? Se não sou permitido lembrar, como posso querer vestígios de qualquer coisa? Qualquer agonia afoga. É tudo. Um tudo que não significa nada. É tudo isso que tenho.

Só isso: Nada.