quarta-feira, 1 de abril de 2009

Primavera

Você tem a flor que não lhe dei.
De fato, nem a cor dela sei.
Se ela é alta, disofme, perfumada,
de ouro, bronze ou prateada.

Ainda a vejo em seu olhar,
na chama de seu ódio,
na precisão de seu falar,
na ousadia de ratalhar.

Mas há, ainda, a flor.
Flor estúpida, ranzinza, colorida como se borboleta, desprezível, efêmera e inexistente. Digna de dúvida.
E não há flor.
De nenhum jardim, ramalhete, semblante semelhante ao meu.

Repenso, relevo.
Reduzo, elevo.
Chego, passo, devoro.
Rechaço, reluzo, decoro.

De novo...

E há a flor.
E não há a flor.

De novo,
não há dor.