sábado, 20 de junho de 2009

Céu

Dia, crepúsculo, noite, madrugada, dia.

Quando o sol brilha, irônico e escarlate, incendeia os olhos, derrama calor líquido sobre nossos corpos cansados e sedentos que incandescem. Suas baforadas estúpidas são pegajosas, pesarosas, sarcásticas. É pessimista, corrói, cansa, arfa. Arfa.

E o céu se decide nublado, tem dias. Nuvens sufocam e cobrem o tempo, se arrastam entre os sóis. Descortinam para a estafante e monótona melodia de um dia que não passa, nem começa. Evolui para o cinza-neutro-reticente e se retira. Contínuas. Contínuas. Contínuas como uma única nota grave num piano desafinado. Contínuas...

E a noite... a noite oculta os pesadelos atrás de cada sombra. Entre portas e bueiros fumegantes, entre calafrios e gritos abafados de sonhos escuros. A escuridão inunda, inebria, invade. Arranca os corações e cega. As estrelas não brilham para ninguém.

Ninguém toca o céu.
Meu céu oblitera.

E o seu? Brilha?